Rafucko

por FELIPE DE OLIVEIRA NASCIMENTO

Rafucko em um de seus vídeosNa metade do século passado, Drummond já cantava em sua poesia sobre nossa incapacidade individual de transformar as condições sociais, da incompetência de um sujeito, sozinho, “dinamitar a ilha de Manhattam”. Em nosso tempo essa situação não mudou muito, mas, se o poeta se questionava se era preciso pegar em armas para se revoltar, hoje temos mais meios de criarmos e divulgarmos nossos produtos, circular nossas ideias, dar vazão às nossas revoltas. Com criatividade e talento, podemos ocupar a bancada do jornal nacional, criar nossa própria campanha política e dar voz a uma droga tão rebaixada pela associação que lhe é feita com criminosos. É com isso que trabalha Rafucko: toques de humor, sarcasmo e inteligência para confrontar terríveis realidades.

Rafael Puetter, o Rafucko, é carioca e formado em Rádio e TV pela UFRJ. Desde 2010 vem se dedicando à produção de seus vídeos autorais, já tendo publicado no youtube mais de 120 vídeos. Em suas produções, costuma abordar assuntos como repressão policial, política, mídia, preconceitos e violência contra homossexuais. Neste ano, lançou uma campanha de crowndfunding para financiar seu talk show, que até agora entrevistou pessoas como Gregório Duvivier e Marcelo Freixo. Rafucko também é muito atuante em protestos e já chegou a ser incriminado pela polícia em algumas ocasiões.

O Voo Subterrâneo encontrou-se com Rafucko no centro do Rio de Janeiro para entrevistá-lo, mas na ocasião não houve tempo de realizar todas as perguntas. Publicamos, abaixo, a edição da entrevista parcial e o áudio completo para ser baixado aqui

RAFUCKO E O ÁUDIO VISUAL

Voo Subterrâneo: Prefere que eu te chame de Rafael ou de Rafucko?

Rafucko: Tanto faz.

Como surgiu Rafucko?

Não surgiu, cara, é a mesma pessoa (risos). Só um apelido.

Mas você criou esse apelido?

Não, é um apelido da escola, meio que nunca pegou, e botei para usar na internet. Mas não tem diferença… sou eu. Quando estou interpretando algum personagem estou interpretando, mas sou eu.

Tem algum significado Rafucko?

É diminutivo de Rafael. Um diminutivo exótico.

Quando você decidiu fazer jornalismo (sic)?

Na verdade fiz Rádio e TV. Eu sempre quis desde pequeno criar áudio visual, e Rádio e TV era a disciplina que mais abrangia os temas que eu queria aprender. Lá você tem uma liberdade muito grande de fazer tudo; você aprende a fazer roteiro, direção, edição, cenografia, figurino. Agora é o que eu faço hoje em dia.

Quando você era pequeno, quais áudios visuais, desenhos, filmes, que te inspiraram essa vontade?

Cara, tudo. Eu via muita televisão. Acordava cinco horas da manhã e ficava esperando a programação da TV começar. Eu via Telecurso 2000, TV Colosso, todos os jornais, Ana Maria Braga, novela, todos os desenhos animados, Pesca e Companhia, Globo Rural, eu via tudo.

Mas nesse caso a TV não te alienou, que tem esse lance que a televisão vai alienar se deixar só a criança ali largada…

É, não foi ela que me formou politicamente, definitivamente. Mas me entreteu por muita parte da minha infância. E como gosto de áudio visual me inspirou muito, aprendi muita coisa. Mas em termos de pensamento talvez não tenha sido a principal fonte de inspiração.

Quais foram algumas de suas principais fontes?

Na universidade encontrei muita gente bacana, um monte de professores. Na internet encontro cada vez mais. Na vida, né, na rua, na família, acho que em todo lugar. Todo tipo de gente pode contribuir para a formação de pensamento. Até a própria TV, até pela negatividade, às vezes também ajuda você a refletir sobre outros pontos, por um outro viés.

E teve alguém que você estudou mais, algum ator?

Tem, com certeza. Charles Chaplin… tem muita coisa ali, mas sou meio ruim para academia. Se eu parar pra pensar tem um monte de gente, mas agora não consigo pensar em nomes.

Quando você entrou na faculdade, querendo fazer vídeos, já tinha ideia de que seria isso que você faz hoje, com vídeos de humor, contestadores?

Na verdade, pensando o que eu faço hoje, é bem o que eu queria fazer, desde criança. Mas se você perguntasse isso naquela época, talvez eu não soubesse descrever tão exatamente. Mas foi uma coisa que aconteceu e foi onde me encontrei.

O lance da teatralidade que tem nos seus vídeos, você tem alguma formação como autor?

Não, fiz muita oficina de teatro. Mas é mais pela necessidade de falar, passar a mensagem, produzir o vídeo. É… tem que fazer (risos).

Li em uma entrevista tua que você trabalhava, não lembro se era como produtor, mas que chegou uma hora que você largou o emprego para começar a viver dos seus vídeos. Isso foi quando?

Em 2010.

E nessa decisão… você já vinha sentindo isso?

Eu tinha muita vontade fazer meus vídeos e não tinha como. Não tinha tempo, trabalho sugava toda a energia, 8 às 8, mas o tempo de transporte. Era muito sufocante. Comecei nessa época a fazer uns vídeos, mas era muita ideia e demorava meses pra fazer um vídeo. Eu vi que era isso: ou desistia completamente de fazer o que queria ou não executava o trabalho. E resolvi tentar, e ainda estou tentando desde então (risos).

PROTESTOS, PARADA GAY, PRISÃO, MÍDIA E POLÍCIA

Quando você começou a se envolver nos protestos?

Cara, sempre fui a protesto, especialmente nos de aumento de passagem, que é uma coisa que me afeta muito. Já na época de faculdade eu ia bastante. Já fui em protesto contra corrupção, bem genérico. Homofobia, parada gay considerava até pouco tempo uma forma importante de protesto.

Não considera mais?

Acho que tem sua importância ainda, mas fiquei muito decepcionado ultimamente ouvindo muitas histórias de corrupção. E especialmente nos últimos dois anos do quanto pautas políticas tão urgentes, de remoção, violação dos direitos humanos nos protestos, nas favelas, estavam muito evidentes e as paradas gays se isentaram de comentar isso. Então tem um certo ativismo gay com o qual não me identifico mais. Mas fui, acho que pretendo continuar indo, mas não tenho mais o tesão que eu tinha antes.

É nesse sentido de ver a questão isolada?

É meio pelego. Não tem como você falar de direitos humanos, ser anti Marco Feliciano, e não falar da remoção. Às fico um discurso muito “hain, casamento gay”. Tudo bem, tem que unir as pautas, e fingir que não vê certas pautas para não perder patrocínio de governo é muito cretino para mim. E fora todas as denúncias de corrupção em São Paulo, Rio, que são apenas fofocas, até onde eu sei, mas que parecem muito verossímeis. Aí é um pouco brochante.

Mas como lidar com isso, também, que parece que isso é meio geral de todos os movimentos das minorias, movimento negro, movimento feminista. Não tanto essa questão (da corrupção), mas de pegar as pautas mais próprias do movimento e não ver em questão com as outras lutas.

Acho que ultimamente muitos grupos souberam unir essas pautas, e acho que isso é imprescindível para a força desses movimentos. É um aprendizado, não posso cobrar de ninguém, é uma coisa que eu também tenho aprendido. Cada um tem seu tempo. Mas acho que a gente passou por muita coisa muito séria, e eu acredito que é mais do que suficiente para que as pessoas tivessem tido essa percepção. Um tem que abraçar a causa do outro, e no fundo todas as causas estão interligadas. A opressão feita para um grupo segue a mesma lógica da opressão feita a outro. Um gay racista hoje, ou um negro homofóbico, é o auge dessa… e existem muitos, muitos, muitos. É uma idiotice completa, mas existe. E é um atraso, é uma coisa que puxa para trás tanto a luta do negro, quanto a luta do gay, quanto a luta do pobre. A gente podia dar muitos espaços a mais se a gente estivesse junto.

Acho que a questão que tenha dado a dimensão dos protestos de junho… um dos motivos para a dimensão dos protestos ano passado foi ter começado com duas questões que é geral: a tarifa e a repressão policial.

E a mídia, né? A polícia e a mídia se tornaram centro por suas próprias obras. E isso é uma coisa valiosíssima que a gente tinha que aproveitar o gancho. A polícia nunca deixou de ser violenta nas favelas, mas é bom que a classe média tenha vivido isso na pele. É ruim, na verdade, que a classe média tenha vivido isso na pele, é ruim que o pobre tenha que viver isso na pele. Mas a gente tem que ver o lado bom de que a gente tem que se unir nessa questão. E a questão da mídia também: nunca deixou de ser mentirosa, nunca deixou de manipular. Mas é bom que as pessoas viram como acontece com elas. E acho importantíssimo que a gente abrace esse momento e consiga se entender para mudar. Porque são duas forças muito fortes. A polícia e a mídia inclusive trabalham juntas,a gente está vendo ultimamente, a polícia não libera o processo para os advogados de defesa, para os desembargadores (se referindo à prisão de ativistas em julho no Rio de Janeiro). É uma questão muito séria. A polícia age fora da lei e em conjunto com o maior conjunto de mídia desse país. Isso é muito grave, e deve ser a questão principal de todas as nossas discussões. Mas é, a questão da tarifa acho incrível, ela diz muito sobre tudo. O preço da passagem define a qualidade de vida do pobre, do rico, define o preço do aluguel do pobre, do rico, define a violência da cidade, a segurança pública, ele permeia todos os aspectos da vida da cidade. E não à toa ele está nas vias, nas veias da cidade, é a circulação. Se você pensar na cidade como um organismo, é o mais importante, é o que faz a cidade pulsar, existir, viver. E são veias que estão entupidas por ganância financeira e ganância política dessas máfias que controlam essas veias, que entopem essas veias. É um colesterol, assim, é uma doença da cidade. E é uma doença que tal e qual um colesterol, ou infarto, afeta todo o corpo, a circulação de todo o corpo.

Você falou da mídia. Não sei se você está sentido isso: teve os protestos, aí a mídia teve que se virar para reerguer a moral dela, e parece que agora ela está conseguindo dar todo aquele contra ataque de criminalização…

Vai ficar o tempo inteiro tentando. É uma luta, é uma luta. E é muito perigoso, são instrumentos muitos baixos. Quem estuda isso, nem quem estuda isso, mas quem presta um pouco mais de atenção, percebe que não é um acaso que as matérias são escritas do jeito que são. Eles tem uma pró atividade em escrever daquela forma, é uma decisão editorial ativamente executada. Eu acho muito grave. Eu realmente considero certas organizações de comunicação hoje organizações criminosas, que deveriam ser investigadas a fundo e quiçá dispersadas.

Está descumprindo todo o papel…

Não é nem descumprindo papel: estão efetuando crimes. Se fosse apenas descumprir o papel da imprensa, pelo menos a gente pode falar que é uma imprensa ruim. Estão cometendo crimes. E são quatro ou mais pessoas se organizando para cometer crimes. Isso é muito grave. Crime contra a sociedade, contra a democracia, contra a lei, contra a constituição. É bárbaro, é absurdo.

Sobre os protestos: uma situação marcante – parece pergunta de Ana Maria Braga (risos).

É. “Um momento…” Ah, com certeza o momento em que fui preso, foi muito especial. Me lembro como se fosse hoje, de todos os detalhes.

Aquele do vídeo que você postou?

É. Foi um momento muito desagradável, muito impressionante, que mudou muito a minha vida, que me fez viver muita coisa que eu sabia que existia, que tinha certeza que existia, mas que ainda assim consegui me surpreender quando existiu comigo. Mas vários momentos marcantes, para o bem o para o mal, ver aquela multidão também, é impressionante.

Tem a ver com aquela questão de imaginar que “nunca ia acontecer comigo”?

Na verdade, quando deitei no chão e o cara estava apontando a arma para mim, a primeira que pensei foi “é óbvio que isso ia acontecer comigo”. E é uma decisão de ficar muito atento, muito aberto àquilo, viver aquilo de dentro, perceber tudo. Espero não viver novamente, mas uma vez que você está ali acho muito importante você apreender todas as informações, para saber, para aprender, para ver se havia alguma coisa que eu estava realmente fazendo errado. A ponto de, eu, pelo menos, dedicar alguns segundos, talvez minutos, pensando se eu tinha feito alguma coisa, se eu tive apagão, sei lá, um ataque, uma crise psicótica. Vi o vídeo quando cheguei em casa: “Que bom, eu realmente estava só filmando, é o que eu me lembro mesmo”. É um questionamento que não imaginava que ia ter. E talvez uma ingenuidade, uma vontade de não acreditar naquilo. “Não, ele não botou a pedra para mim”. É uma esperança talvez até de “tomara que eu tenha feito isso”. É um baque muito grande, e nenhuma surpresa, nunca duvidei que flagrantes eram forjados na favela. Mas de qualquer forma é impressionante. Acho que se eu viver de novo vou me impressionar de novo. Espero nunca me acostumar.

Dentre todas as formas de luta, de militância, esse momento de protesto, de ir para as ruas, qual a importância dele?

Cara, acho muito importante, muito. Por várias formas, que eu poderia falar literalmente: chamar a atenção da mídia, ocupar como espaço do povo, falar o que a gente quer, pedir o que a gente quer. Mas acho que mais importante é o de ocupar as ruas como espaço comum, de se conhecer, ouvir. Eu conheci muita gente na rua, muita gente em protesto. Meu ciclo de amigos hoje a grande maioria eu conheci na rua, já tive paixões que eu conheci na rua. É o ponto de encontro, de convivência da sociedade, fora da nossa bolha. É lugar que tem todo mundo, e você pode fazer amizade com morador de rua até o milionário, até o policial. Tem muito que aprender com os outros, encontrar os outros. Para mim é a maior importância do protesto. Acho muito interessante ir à protestos às vezes só para isso mesmo, para ver, encontrar.

A questão da polícia. Não sei se tem alguma contradição no sentido de que ela é o aparelho, a ponta de lança repressora, mas também está dentro de todo esses noventa e tantos porcentos reprimidos pelo Estado. Como você lida com isso?

Cara, é muito triste. Eu vou para um lado e vou para o outro. As vezes penso “é tudo um bando de filho da puta”, às vezes penso “coitado, são todos vítimas”. O momento que estou é um misto desses dois sentimentos. Eu sinto muita pena, mas não acredito muito no policial como vítima. Ele é vítima em vários aspectos, mas ele é muito criminoso. E falo isso porque assim: se há uma banda podre da PM, cadê a banda boa, para acabar com essa banda podre? Eu duvido, você pode pegar 100% dos PMs, todos eles já viram ou conviveram com algum caso de corrupção lá dentro. E não fazem nada para terminar e a corporação acoberta. Então eu acho que tem um limite, tem um limite de aceitação. Tem um limite que ele realmente não pode fazer, é perigoso certas denúncias. Mas “e aí? Você vai pra Cinelândia e bate em professor”? Já vi policial questionar: “e aí, você está sentido orgulho e vergonha”? E ver policial chorando, e na hora eu me emocionava muito. Mas e aí, o que esse cara faz? Ele volta para casa, sei que todo mundo tem que sustentar os filhos, mas cadê esses policiais bons? Porque a corporação está vindo como um rolo compressor. Está matando, meu irmão, o vídeo que saiu essa semana (penúltima semana de julho) de dois policiais matando dois menores. Cadê um protesto dos policiais militares contra isso? Então, estão muito ocupados em acobertar, em defender a honra daquela instituição. E o treinamento deles é para isso, né. Não tem como eu pedir um posicionamento político ou humanitário de um cara cujo treinamento é lamber a sola do capitão para mostrar o quanto ele tem que seguir ordem, o quanto é inferior, um nada; e é um treinamento que ele se dispôs a fazer. Uma coisa que me chama muito atenção na farda do policial, às vezes não tem nem mais nome, tem só número, mas tem o tipo sanguíneo dele. E para mim isso é muito marcante. Você pode fingir que você é o animal que for, mas, meu amigo, você é um ser humano, você tem um sangue aí dentro. E vou sempre esperar, talvez utopicamente, que esse sangue uma hora bata e traga essa pessoa de volta. Não do lado bom ou ruim, mas de volta para a humanidade. Isso independe de esquerda ou direita: não tem como dizer que é uma posição política defender o que esses caras fizeram na viatura. Não é posição política, é posição… espiritual talvez. Uma coisa maior, não se põe em lei.

Isso que você falou dos policiais talvez se aplique a todas as posições: médicos, políticos, jornalistas…

Todo mundo, todo mundo, todo mundo. Jornalista. Por isso acho que essa coisa da neutralidade em jornalismo… há formas de ser neutro, mas não acho que a gente tenha que negar também o sangue que pulsa no jornalista, suas vontades, ideias, ele tem que poder expressar isso. E acho que isso tem que ser claro, só não pode ser feito em forma de mentira. O Estadão, cara, acho que é um jornal bizarro, péssimo, mas um coisa eu admiro: quando tem eleição geralmente eles tem um editorial dizendo quem eles apoiam, e isso é muito de admirar. O que não muda o fato de que foda-se quem você apoia a matéria não pode ser mentirosa, e eles fazem. Acho que a gente precisa ter mais, O Globo tem que falar: “nós apoiamos a ditadura militar”; hoje em dia: “nós temos ligação com a polícia militar”. A partir daí arque com as consequências legais, mas seja honesto.

“EU PRECISO EXECUTAR ESSAS IDEIAS”

Voltando à questão dos vídeos. Uma pergunta não podia faltar, que é sobre seu processo de criação.

Cara, mais caótico impossível. É ter ideia o tempo inteiro, é escrever quando dá. Uma vez eu li uma parada de que não existe uma ideia boa, existe uma ideia feita. Óbvio que existe ideia que você acha mais legal, mas se você não executar ela não vai ser boa nem ruim: é um nada. E para mim é muito importante me livrar das ideias, fazê-las e deixar elas viverem. Óbvio que executo um décimo do que tenho de ideias, mas é na medida do que dá. Fazer, a minha parada é fazer.

Acho que todo mundo lida com isso de ter tanta ideia e não conseguir executar…

É, mas quanto mais você faz, mais você tem. É um pouco bom e pouco ruim. Mas acho que as pessoas no geral são muito criativas, só não levam a sério. Não acham que isso é digno de uma… parece que é uma coisa de vagabundo fazer suas ideias, suas pirações.

E como foi para você acreditar nas suas ideias?

Talvez eu seja menos… menos… bravo do que as outras pessoas.

Bravo consigo mesmo?

Não, bravo de bravura, de enfrentar, de submeter a um sistema de trabalho e deixar suas ideias de criação de lado. Não consegui. Para mim estava se encaminhando para a morte, no sentido de me sentir morte estando vivo. Falo bravura e não coragem porque hoje eu li sobre coragem e vi que vem de alguma palavra que tem a ver com o coração, que vem do coração. E nesse sentido acho que é um pouco de coragem o que eu tenha, que é uma coisa que venha do coração, de dentro, é carnal. Eu preciso executar essas ideias. Mas enfim, cada um tem seus limites, seus trabalhos.

Até que ponto você acha que seus vídeos, seus trabalhos, são capazes de criar uma transformação?

Eu acredito cada dia mais que a transformação mais efetiva é a que a gente faz dentro da gente. E isso reflete no mundo de tantas formas… Eu adoraria mudar o mundo, e acho que todo dia na minha existência eu tento mudar o mundo mudando a mim mesmo. Acho legal quando eu recebo mensagem de gente que fala que repensou certas questões, acho muito legal quando boto pessoas em contato, tipo no talk-show. Hoje eu publiquei a do Eduardo Viveiro de Castro que, assim, quem sou eu para apresentar esse cara, é um dos maiores antropólogos do mundo. Mas sim: meu trabalho atingiu um público que o dele não tinha atingido. E vi um comentário hoje falando “nossa, esse cara é foda”. Que incrível, para mim isso é uma transformação, duas pessoas entraram em contato. Mensagem de pessoas: “ah, vi seu vídeo, gostei e vou levar adiante minha ideia”. Isso para mim é transformação, mais do que tirar alguém do poder. Imagine se eu vou tirar o poder da Globo, em um segundo ela atinge mais gente do que vou atingir na vida. E se não mudar nada de fora mudou para mim, uma pessoa. Para mim é foda.

DITADURA GAY, DESABAFO DA COCAÍNA E PATRÍCIA CORRETA

Queria que você falasse mais, comentasse livremente, alguns vídeos, três vídeos. O da Ditadura Gay. Esse vídeo, por exemplo, teve bastantes contribuições.

Eu pensei em fazer esse vídeo com as novas regras e lancei no twitter. Comecei a fizer piada e começaram a vir umas piadas muito engraçados. Foi uma piada coletiva, primeira lugar de tópicos comentados. Um aprendizado muito bom de rede. E é isso, uma brincadeira com um termo absurdo, e que na real hoje cada vez mais para mim é uma realidade. Quero mais que seja mesmo uma realidade, no sentido de que certos direitos a gente não tem que pedir, não tem que discutir. Eu adoraria fazer sessões de explicações, chamar um grupo de evangélicos: “olha, é pra isso que é importante”. Mas meu bem, desculpa, não quero pedir sua opinião, não quero seu voto de um direito que é meu, que não tem nada a ver com sua vida. E é ditadura sim você não ouvir a voz dos outros. Mas não está submetido ao voto de um criminoso o meu direito, não está. Quem quiser entender os motivos, ficaria muito feliz em explicar, mas não quero solicitar sua permissão para ter um direito que é meu.

O desabafo da cocaína.

Outra parada que assim… é foda cara. Eu sou super a favor da legalização de todas as drogas, super entusiasta do uso de drogas tanto recreativo como para explorar mais a consciência. Mas cocaína para mim é visível que é uma doença. Ela carrega consigo a doença da hipocrisia mais do que qualquer outra droga. O uso da cocaína é muito grande no Brasil, e vai desde o candidato à presidência, ao milionário, ao alto político, ao mendigo. E é muito grave que a gente não trate isso como tem que tratar, (que as pessoas) usem a cocaína para desmerecer o Aécio Neves por um suposto uso. Se ele usa, tem várias questões que a gente pode atacar. Se ele usa, é o fato de ele ter direito de usar e outras pessoas não. É o fato de um político carregar 450 kg de cocaína no helicóptero e não ser preso. Mas o que a gente vê é um uso geral para desmerecer ele como cheirador. Muita gente que fala isso cheira cocaína, que eu conheço. E a cocaína não tem nada a ver com isso. O que tem a ver é a burocracia da proibição, a arma da polícia militar, o conservadorismo de quem não usa, o poder de interferir na liberdade individuais do outro. Aí tem um twitt do André Dahmer, autor das tirinhas Malvados, que ele escreveu que era mais prejudicial à cocaína ser associada ao Aécio Neves que o contrário. E é isso, quem melhor para falar disso tudo que a própria. É um desabafo meu também, de como vejo tudo. É ataque para todos os lados, e é engraçado, e um pouco triste, ver que muita gente não percebeu. Muita gente repostou o vídeo dizendo “ah, Aécio cheirador”. O que gosto desse vídeo é que cocaína tem esse lance do ego, o si mesmo, e engraçadíssimo que o desabafo acusa todo mundo e pouca gente foi capaz de olhar a si mesmo.

Patrícia Correta corrige William Bonner.

Outro que é uma catarse. Tinha feito primeiro eu fazendo William Bonner interferindo com ele, só que era muito sério. E aí deu uma confusão, demorei para editar, acabou a luz. Aí veio uma luz em mim: “cara, não está engraçado. Relaxa, não fica puto, pensa se poderia ser um sinal”. Odeio essa coisa de sinal, mas assim, aproveita. Veio: “óbvio, por que não sou a mulher”? Cara, muito bom a liberdade de você poder entrar na bancada do Jornal Nacional. As tecnologias de hoje permitem que você entre e fale o que você quer, e disponibilize para uma galera assistir. É muito libertador, muito bom. E tal qual o lance da cocaína, tem uma outra dimensão ali que para mim é uma mensagem muito maior. Essa mensagem libertadora de que a gente não precisa se submeter a certas coisas, a gente pode, ou se não pode deve tentar, cada a sua maneira, eu com meu crhoma key tosco de dentro do meu quarto, fazer valer, falar contra as injustiças, se impor.

PRECONCEITO E ESQUECIMENTO

Tem um vídeo que você coloca uma frase: “uma mídia sem preconceito ajuda a construir uma sociedade sem preconceito”. A gente está vendo uma inclusão, a questão do beijo gay, no dia da mulher esse ano teve a bancada com duas mulheres no Jornal Nacional. Como você enxerga isso, é realmente um avanço?

Atinge muita gente, então pode ser usado para disseminar boas mensagens ou boas discussões. E desfazer certos mitos, desfazer o mito do homossexual.

Incomodou gente pra caramba.

Faz parte. Conheço gays que falaram que ficaram chocados de ver o beijo. Um monte de gente se chocou, mas depois do vigésimo beijo, a senhorinha do interior do Paraná, ela tem mais o que fazer, foda-se um beijo. É virando normalidade na ficção, um dos pontos, não é o único ponto de mudança, pode mudar na vida dela. Ela ver na padaria dois homens se beijando e “ah, pff”. A invisibilidade é uma forma muita cruel de assassinato, de morte, a pessoa não existe. E reflete em assassinato de verdade. Uma pessoa que não existe, quando passa a existir na frente de uma pessoa, o estranhamento é tão grande que ela quer que ela volte a deixar de existir.

Essa questão das quebras de preconceitos. Existem os momento de ser mais didático e o momento de impor o que deveria ser um direito. Em que momentos tem que ter mais uma coisa ou outra, na hora dos seus vídeos, você pensa nisso?

Acho que o ideal é sempre ser didático e agradável, mas em certas situações não. Cada caso é um acaso. Eu espero sempre puxar a energia para o lado mais calmo, mais amigável.

Você toca bastante nas feridas, a agressão que teve com a lâmpada, você sempre reitera, aquele vídeo da maquiagem é fortíssimo em relação a isso. Você acha que existe uma cultura nossa do esquecimento, de não trazer à tona esses assuntos, até para o apaziguamento dos conflitos?

Sim, sim. Cara, a morte desses meninos pelos policiais militares à luz do dia, no meio da cidade do Rio de Janeiro. Dez minutos da gravação foram perdidos – perdidos o caralho, que esses dez minutos existem com certeza, uma câmera não pára de funcionar exatamente nos dez minutos em que um menino é executado e outro fuzilado. E essa imagem some exatamente para que fique mais fácil de esquecer. Hoje discutimos questões estapafúrdias e esse caso já está caindo no esquecimento.

Um dos papéis da militância é sempre reiterar, né, essas questões.

É. E eu tento fazer isso no meio da piada para pegar desprevenido. Que se você chegar no viés do “olha, temos que nos lembrar”, as pessoas não tem paciência, é desagradável de lembrar. Então acho engraçado lembrar assim, você está lá rindo e pá! É o lance da visibilidade: não está invisível tá.

TALK SHOW

(No talk show) eu uso um formato jornalístico, mais do que jornalístico, audiovisual, para fazer questionamentos que eu quero fazer na vida, reflexões que eu queria ter, perguntas que eu queria perguntar a essas pessoas. São pessoas cujas falas, cujos trabalham, influenciam muito a forma como eu faço meu trabalho. Então eu queria conversar com elas, e pensei, “por que não gravar”? E fazer disso um produto que eu quero um registro também, quero registrar para mim, compartilhar com todo mundo. E por que não explorar um formato de talk show? Já que a gente critica tanto, “oh, só tem talk show de direita”. É o formato perfeito. Também é um estudo audiovisual, se posso dizer assim, do formato de talk show, a bancadinha, mas eu dou uma pirada de estar cada vez com um personagem. Tem uma coisa ficcional. Tem questões de deslocamento, paixão, crença, política.

Na maioria dos seus vídeos sua produção era sozinha e nesse teve uma equipe. Como você enxerga essas duas relações de trabalho?

Na prática não tinha como fazer isso sozinho. É um grande risco conseguir essas pessoas e o produto ficar uma porcaria porque era eu sozinho.

E essa experiência de estar lidando com mais pessoa?

É maravilhoso, que bom, que dádiva. Como gostaria de sempre estar com pessoas competentes assim à minha volta. É muito bom ter outras pessoas pensando e construindo junto. Todo mundo inventando coisas e depois você vê, caralho!, era uma ideia que virou uma coisa muito maior.

Você sempre perguntas das mídias alternativas alternativas. Vamos falar aí algumas (risos). Lembro Revista Fórum, Vírus Planetário, A Nova Democracia, Brasil de Fato, quais mais você recomenda?

Acho que as pessoas tem que procurar se informar pelo máximo de mídias possíveis. Mais importante é saber quais as ideias e interesses por trás de cada uma delas. Tem uma frase que eu adoro: não odeie a mídia, seja a mídia. Pesquise. Bom trabalho jornalístico é saber quem é a fonte que está te falando.

No talk show você pergunta isso: o que você escreveria na bandeira nacional?

Não posso responder porque ainda vai chegar esse momento (risos).

NO LUGAR OPOSTO

Uma das perguntas que você faz no talk show, até agora você só entrevistou (publicou entrevistas de) héteros, é como é se sentir hétero, questão de se colocar no local oposto. Você acha que essa falta de empatia é o que causa tantos transtornos sociais, a pessoa não se colocar?

Ela dificulta muito que a gente avance. É a pegada do primeiro vídeo que publiquei. Acho engraçado, é engraçado e é uma pergunta genuína. Passei por tanta coisa até decidir ser homossexual praticante, queria saber como é para um hétero essa trajetória de vida.

E o que você acha dessa moda de ser heterossexual, você acha que é para chamar atenção? é genético (risos)?

Acho que passa, já está saindo de moda há um tempo (risos). Mas eu realmente não entendo. Não consigo entender, mas respeito.

Quando você vê dois héteros se beijando na rua, qual a sua reação?

Eu acho muito nojento. Mas acho que o meu preconceito contra hétero é uma questão minha, não deles. Se eu fico com nojo ou raiva eu guardo, engulo, porque eles tem tanto direito quanto eu de mostrar suas perversões. Eu acho bizarro, ninguém vai me convencer de que é normal – de verdade, sei que parece brincadeira.

Se você adotasse, ou tivesse um filho hétero, qual seria sua reação?

Essa pergunta pode ser feito para um cachorro ou um gato, porque filho é uma possibilidade que não existe. Mas gosto muito de animal gay, acho demais. Queria muito ter, acho que aprenderia muito com ele. Até essa questão de o animal não ter questão nossa de sociedade. Tem cachorro que é gay em relação a humano, mas em relação a cachorro ele é hétero. Já teve cachorro que se apaixonou por mim, mas não foi recíproco. É foda, são muitas possibilidades no mundo.

E o que você acha desse número grande de propaganda hétero na TV, na publicidade?

Acho realmente bem prejudicial. Era gay desde que me entendo por gente e dificultou a minha existência o fato de ter representações que não eram condizentes com os meus desejos quando era criança, e é uma coisa normal, não é pervertido. Uma pena, mas vamos mudar isso aos poucos.

A questão do crescimento populacional desenfreado, isso é uma culpa hétero, né?

Culpa total, total. São os grandes responsáveis. Eles deviam estar muito felizes de ter mais gays. Tem muita gente que finge que não está preocupada com isso, mas na real governos estão preocupados com isso, discussões internacionais estão sendo travadas. O homossexual deveria estar sendo muito celebrado, eu acho. Mas esse dia vai chegar, está chegando, a vingança (risos).

Nessa questão de se colocar no lugar de outro, às vezes surgem discussões, alguém fala “ah, devia ser bom projeto de lei que obrigasse o político a colocar filho na escola pública, que só pudesse usar saúde pública, transporte público”. Concorda com isso?

Acho que sim, acho que é uma medida prática urgente. E não como um castigo, muita gente fala disso como um castigo. Ele não merece castigo, também merece educação boa, o filho dele tem que ter. Mas a gente já viu, com anos, que a dedicação deles é para uso pessoal. Eu vejo isso como um estímulo a mais para que eles trabalhem muito para fazer esses sistemas funcionarem. E só dependem dele e estão ganhando muito bem para executar esses trabalhos. E se não quiser não precisam ser políticos. Tem muita gente que quer mudar e pode ganhar aquele salário incrível. Seria bom para todo mundo.

***

Tem uma parte da entrevista que eu separo algumas palavras e você diz o que pensa sobre a palavra, como define. Aí a primeira não é (só) uma palavra: Rio de Janeiro.

RIO DE JANEIRO

Paraíso e inferno. São duas coisas que se aplicam muito no Rio de Janeiro. E elas não se aplicam sozinhas, elas se completam. Mas em termos do que as pessoas adicionaram ao Rio de Janeiro, políticos, estruturais, é um inferno – tirando a parte da cultura, culinárias, as pessoas. Paraíso de, olha para cidade, uma praia, floresta no meio da cidade. Mas é uma floresta onde a polícia vai matar e desovar adolescente. São os dois extremos: a floresta urbana mais linda do mundo e o ato mais cruel do mundo.

Às vezes chego a pensar sobre o Rio que por mais que as pessoas tentem, tem umas coisas desse paraíso que… não sei, será que até isso vai ser estragado um dia?

Tudo, o mar é estragado o tempo inteiro. A baía de Guanabara que era para ser uma maravilha do mundo é um grande esgoto. E podia ser um paraíso para todos, de tudo, de harmonia, o tempo é ótimo. Mas cadê que cara que mora na Maré tem tempo de ir para a praia depois do trabalho? Passa cinco horas por dia no transporte público. Acho que na verdade é só inferno, porque inferno é isso. Sei lá, não entendo muito dessas mitologias.

Lembrei agora de uma parábola na bíblia, que o rapaz está no inferno mas ele consegue ver o que acontece no paraíso e tem um abismo intransponível ali.

Deve ser isso. Uma vez eu falei: “cara, inferno deve ser irado, todo mundo fodendo o tempo inteiro”. E alguém me falou assim: “e se o inferno for foder para eternidade e nunca gozar”? E é isso, essa coisa que nunca vem. Tem uma promessa de uma coisa muito boa ali – e óbvio, quem sou eu para falar, eu aproveito muito, essa coisa boa chega para mim. Mas a sensação é de que a cidade está com uma coisa boa que não está acontecendo. Até na própria praia, classe média maravilhosa vai pra praia e vai ter um arrastão. Tem sempre um lembrete de que isso é o inferno, você está sempre quase lá. Isso pra classe média, pra favela é oposto, tem uns vislumbres de paraíso mas é constantemente um inferno.

HUMOR

É bom. É agradável. Rir é muito bom e acho que qualquer possibilidade de rir é muito bom. Mas, como qualquer coisa boa da vida, se ela for feita com respeito é muito melhor. Se ela constrói ou desconstrói, mas não destrói, também é muito melhor. Então pra mim humor pode ser muito bom de muitas formas variadas, não só de uma forma carinhosa e chapa branca, mas tem que resguardar tal qual como tudo na vida o devido respeito ao próxima. Mas acho que é uma coisa muito boa, e que inclusive falta, devia ser tratado como prioridade, direito básico humano.

Mas às vezes também não tem uma supervalorização do entretenimento que é quase sempre humorístico?

Nesse sentido industrial, audiovisual…mas é porque é bom, as pessoas querem. Na verdade, pensando agora, acho que existe a supervalorização sim, porque a vida das pessoas é muito difícil. As pessoas estão sufocadas com seus trabalhos, essas horas de transporte público, e o humor é supervalorizado porque as pessoas estão super carregadas com o sofrimento. Então entendo. Às vezes vejo em certas coisas do humor um riso nervoso, histérico: “preciso rir”! Esses próprios espetáculo de humor “politicamente incorreto” – com todas as aspas porque isso não é ser politicamente incorreto – esse humor agressivo tem um riso ali que a pessoa quer rir a qualquer custo, e é o riso mais fácil, o riso da superfície. “Oh, o preto é ladrão”. Cara, você ouve isso de todas as formas no dia a dia. E rir disso é o auge do riso fácil, e a pessoa está tão desesperada para rir… você fala: “isso está agredindo”. (Diz simulando um grito) “Foda-se! Eu quero rir caralho, não mecha na minha risada”! Coitada dessa pessoa, ela consegue ignorar o sofrimento humano que está do lado dela.

E o humor como militância, que é o teu caso, qual o poder dele?

Sei lá. Quero fazer o vídeo para zoar e falar daquela coisa, e essas coisas se fundem na minha vida. Acho que o humor é mais agradável. O vídeo da Patrícia Correta: eu fiz um sendo o William Bonner, mas não está postado porque diz a mesma coisa e outro é engraçado. Acho bom a gente falar de assuntos sérios com humor porque é mais agradável, apenas.

O humor quando ridiculariza o opressor dá uma certa sensação de vingança, mas talvez não tenha o poder de mobilização que uma crítica mais séria talvez consiga. Você concorda?

Pode ser, depende de como é feito. Mas acho que a própria desconstrução dessas pessoas que são tão intocáveis, que ninguém ousa criticar, talvez quebre essa primeira casca. Eu faço humor do Eike Batista, mas não vou derrubar o Eike Batista. A gente precisa de uma justiça que condene ele pelos crimes que cometeu, governos que retomem a dívida, coisa que não sou eu que vou fazer com um vídeo de humor. Mas talvez quebre a casca, faça um assunto mais agradável.

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Depois dessa resposta, a entrevista teve que ser interrompida devido ao horário. Na próxima parte, Rafucko falará sobre internet, política, Deus, drogas e outros assuntos. 

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A pedido do entrevistado, as outras perguntas foram enviadas por e-mail. Foram feitas diversas tentativas de contato, mas não se obteve as respostas. Pelo tempo de espera, o Voo Subterrâneo considera a entrevista encerrada e lamenta que ela não tenha sido realizada integralmente. (Atualizado em 25/11/14).

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Na entrevista em áudio:

– Inspiração para seu primeiro vídeo;
– Rafucko interrompe um pouco a entrevista para escrever uma ideia no celular;
– Alguns detalhes sobre o trabalho em equipe no talk show;
– Mais detalhes de quando um cachorro se apaixonou pelo Rafucko;
– Fã e interrompe a entrevista para assediar Rafucko;
– “ Você precisa ver que está sendo prejudicial ao próximo, precisa mudar”.